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Dermatite Seborreica: o que é, causas, sintomas e tratamento

A dermatite seborreica é uma condição inflamatória crônica da pele, recorrente, com períodos de piora e melhora. É também conhecida pelo nome de seborreia ou caspa[1]Gupta AK, Bluhm R. Seborrheic dermatitis. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology. 2004 Jan;18(1):13-26..

Acomete principalmente o couro cabeludo, causando vermelhidão e descamação.

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O que é dermatite seborréica?

A dermatite seborreica é uma inflamação crônica da pele que causa descamação, acometendo áreas ricas em glândulas sebáceas como o canto do nariz, sobrancelhas, atrás da orelha e, principalmente, couro cabeludo[2]Sampaio AL, Mameri ÂC, Vargas TJ, Ramos-e-Silva M, Nunes AP, Carneiro SC. Seborrheic dermatitis. Anais brasileiros de dermatologia. 2011 Dec;86(6):1061-74..

Quando essa descamação acomete apenas o couro cabeludo, ela é chamada de caspa.

O que causa a dermatite seborréica?

É muito comum que os pacientes confundam com alguma espécie de alergia ou falta de higiene.

A dermatite seborreica não é sinal de falta de higiene, nem uma alergia e nem mesmo é contagiosa.

Apesar de poder estar relacionada a uma inflamação causada pela proliferação anormal do fungo Malassezia furfur (pityrosporum ovale), este fungo faz parte da flora normal da pele. Portanto, fique tranquilo! Você não vai pegar dermatite seborreica de alguém, pois não é uma doença contagiosa.

A causa da dermatite seborreica não é completamente compreendida.

Vários fatores intrínsecos e ambientais contribuem para a patogênese da dermatite seborreica e da caspa.

É descrito que alterações dos lipídios presentes no manto protetor da pele podem contribuir para o surgimento da dermatite seborreica, assim como alterações na colonização fúngica da superfície da pele.

Sabe-se que fatores genéticos podem contribuir para uma suscetibilidade individual.

Alguns fatores externos parecem ser importantes, entre eles o estresse emocional, frio, medicamentos, bebida alcoólica, muitos deles relacionados a imunidade.

“A dermatite seborreica não é sinal de falta de higiene, nem uma alergia e nem mesmo é contagiosa”.

Fatores associados a quadros mais graves

Pele oleosa
Parente com dermatite seborreica ou psoríase
Imunossupressão: transplantados, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) e pacientes com linfoma
Doenças neurológicas e psiquiátricas: doença de Parkinson, discinesia tardia, depressão, epilepsia, paralisia do nervo facial, lesão da medula espinhal e doenças congênitas, como síndrome de Down
Falta de sono e eventos estressantes.

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Sintomas

A dermatite seborreica se manifesta através de lesões avermelhadas, que descamam e coçam. As regiões mais comumente acometidas são o couro cabeludo, sobrancelhas, barba, rosto, região em torno das orelhas e nariz, costas e tórax.

Outras regiões, que são raras, mas as quais podem ser acometidas são a virilha, boca, axilas e nádegas.

Quando a doença acomete a região do couro cabeludo, o principal sintoma é a caspa.

Outros sintomas de dermatite seborreica estão descritos a seguir:

Escamas brancas ou amareladas
coceira
Oleosidade
Queda capilar em alguns casos
Placas avermelhadas
Nos bebês é comum aparecer crostas amareladas, conhecidas como “crosta láctea”

Os sintomas podem piorar quando o clima está frio e seco, com consumo de álcool e cigarro ou alimentos muito gordurosos, quando há queda de imunidade ou, ainda, quando o paciente enfrenta situações estressoras.

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dermatite seborreica na face

Dermatite seborreica infantil

Existe a dermatite seborreica infantil que difere da forma dos adultos.

Essa forma de dermatite inicia-se cerca de uma semana após o nascimento e pode persistir por vários meses, porém, tende a desaparecer espontaneamente.

Caracteriza-se por escamas amareladas, gordurosas, às vezes aderentes, que podem se estender por todo o couro cabeludo, conhecida como “crosta láctea”.

As lesões também podem acometer o rosto, atrás das orelhas, pescoço, tronco e extremidades proximais.

Na axila e virilha, as lesões podem ser intensamente inflamadas, com saída de secreção.

Apesar da aparência, os recém-nascidos estão bem, pois as lesões são pouco sintomáticas, não trazendo maiores desconfortos.

Para saber mais, leia o artigo: dermatite seborreica em bebês. Clique aqui.

Diagnóstico de Dermatite Seborréica

Para fazer um diagnóstico preciso de dermatite seborréica, o médico dermatologista realizará um exame físico e inspecionará cuidadosamente as áreas afetadas.

Eles também perguntarão sobre seus sintomas, incluindo quando eles começaram e com que frequência você os apresenta.

Seu dermatologista pode realizar uma biópsia de pele para descartar outras doenças se sua condição não responder ao tratamento.

O que fazer para tratar dermatite seborréica?

Muitos pacientes acometidos deixam de buscar tratamento dermatológico, tentando tratar-se apenas com receitas caseiras ou shampoos comuns.

Acontece que estas práticas podem diminuir os sintomas, mas não tratam o problema.

É preciso procurar, então, um dermatologista para que o diagnóstico seja feito e assim, o tratamento seja indicado de acordo com o quadro da dermatite seborreica.

O objetivo do tratamento é o controle da inflamação, da proliferação de micro-organismos e da oleosidade.

Essas medidas controlam os sintomas. Lembrar que não existe cura definitiva A dermatite seborreica é uma doença crônica e recidivante. Isto significa que os cuidados devem ser contínuos e mesmo assim a doença pode ter períodos de piora.

Dicas para otimizar o seu tratamento

Antes de falar sobre o tratamento, vamos listar a seguir algumas dicas de alguns cuidados para otimizar o seu tratamento e ter resultados melhores:

Lavar o cabelo com mais frequencia
Não lavar o cabelo com água muito quente
Procure secar bem o cabelo, a umidade pode piorar
evitar bonés e chapéus
interromper o uso de produtos para o cabelo (géis, sprays e pomadas)
Diminuir ingestão de álcool e alimentos gordurosos
Evitar o tabagismo
Evitar situações de estresse e ter uma boa noite de sono

Tratamento tópico

Consiste em utilizar shampoo com substâncias como ácido salicílico, alcatrão, selênio, enxofre e zinco; bem como cremes e pomadas com antifúngicos.

O cetoconazol é, provavelmente, a substância mais utilizada na manipulação de shampoos e cremes para tratar a dermatite seborreica, pois consiste em um antifúngico de uso tópico. Geralmente é indicado o uso diariamente ou em dias alternados até a caspa ser controlada e, então, 2 vezes por semana.  A aplicação é durante o banho, deixando que o produto aja durante cerca de 3 a 5 minutos antes do enxágue. É contraindicado para mulheres durante uma gravidez de risco.

 

O ácido salicílico, por sua vez, também age contra fungos e microbactérias, atuando na remoção das placas escamosas da pele. Já o shampoo de alcatrão age como um desinfetante, é derivado de vegetais ou da destilação do carvão vegetal.

O piritionato de zinco é um meio de tratamento para diversas doenças da pele, inclusive a dermatite seborreica, pois tem uma ação antifúngica e antibacteriana, age melhorando o couro cabeludo, pois é capaz de eliminar a escamação e consegue recuperar a saúde da pele desta região.

Por fim, o clotrimazol é outra opção antifúngica e antimicose de uso tópico, que age penetrando nas camadas da pele combatendo possíveis microorganismos. Esta substância é indica também para casos em que as regiões afetadas incluem a área genital.

Para a dermatite seborreica das regiões retroauriculares, sulcos nasolabiais, margens palpebrais e base do nariz, utilizam-se cremes de hidrocortisona, 2 ou 3 vezes ao dia, diminuindo para uma vez ao dia, quando a doença estiver sob controle

Tratamento Sistêmico

Este tipo de tratamento é indicado para casos de dermatite seborreica mais graves. Os medicamentos administrados via oral devem ser associados ao tratamento tópico.

O tipo de medicamento utilizado são os de ação antifúngica, ou seja, o próprio cetoconazol, o itraconazol, a terbinafina.

As doses e a duração do tratamento podem variar de acordo com a gravidade do caso, com a idade do paciente e com as características orgânicas. Vale ressaltar que é perigosa a automedicação.  É preciso consultar-se com um dermatologista antes de qualquer tratamento.

Tratamento para dermatite seborreica infantil

Na ocorrência de dermatite seborreica em bebês, pode-se observar uma regressão espontânea dos sintomas por volta dos seis meses de vida.

É recomendada a consulta com o pediatra e, dependendo do caso, encaminhamento para especialista, pois é comum a dificuldade diagnóstica nos bebês devido à característica muito sensível da pele dos bebês e a grande frequência de alergias e irritação na pele. 

O tratamento infantil consiste, basicamente, na remoção das crostas lácteas através de aplicação de óleos minerais antes do banho de modo a amolecer as crostas para que sejam removidas delicadamente.

Outros cuidados devem ser tomados, como manter a pele do bebê sempre seca e limpa, para que não acumule células mortas que atraem microorganismos, trocar as fraldas frequentemente e evitar roupas com tecidos irritáveis e quentes. Não se pode remover as crostas com a unha, pois pode causar lesões.

Tratamento do estresse

Muitas doenças de pele são agravadas quando o paciente enfrenta situações estressoras, ansiedade ou angústias. Os aspectos psicológicos influenciam na baixa da imunidade e assim, no aumento dos sintomas.

Por isso, outras práticas a serem tomadas durante o tratamento da dermatite seborreica é evitar situações estressoras, procurar exercitar-se e estar em contato com a natureza, ter lazer e procurar alternativas de relaxamento, como ioga e meditação.

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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM

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Perguntas Frequentes sobre Dermatite Seborréica

Como diferenciar a psoríase do couro cabeludo e a dermatite seborreica do couro cabeludo?

O seu médico geralmente pode dizer se você tem psoríase no couro cabeludo, dermatite seborreica ou ambos com base em um exame de sua pele, couro cabeludo e unhas. A psoríase do couro cabeludo e a dermatite seborreica são condições comuns que afetam o couro cabeludo. Além disso, eles compartilham alguns sinais e sintomas semelhantes, como pele vermelha e escamosa.

O que acontece se você deixar a dermatite seborreica sem tratamento?

Se não for tratada, a pele pode tornar-se espessa, e oleosa. Ocasionalmente, pode ocorrer infecção bacteriana secundária

A dermatite seborréica tem cura?

Embora não exista cura para a dermatite seborreica, a boa notícia é que às vezes essa condição desaparece sozinha sem tratamento. Se você está lidando com crises persistentes ou graves, é hora de conversar com um dermatologista sobre maneiras de controlar melhor seus sintomas.

Quais são os gatilhos da dermatite seborreica?

Os gatilhos comuns para a dermatite seborreica incluem: estresse. alterações hormonais ou doenças. detergentes agressivos, solventes, produtos químicos e sabões.

A dermatite seborreica causa queda de cabelo?

Não, a dermatite seborreica não causa queda de cabelo.

A dermatite seborreica está relacionada à acne?

A dermatite seborreica e a acne podem aparecer em simultâneo, nos mesmos lugares do corpo. Ambos são afetados por oleosidade em sua pele. As pessoas com acne são mais propensas a ter caspa.

Referências Bibliográficas

Referências Bibliográficas
1 Gupta AK, Bluhm R. Seborrheic dermatitis. Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology. 2004 Jan;18(1):13-26.
2 Sampaio AL, Mameri ÂC, Vargas TJ, Ramos-e-Silva M, Nunes AP, Carneiro SC. Seborrheic dermatitis. Anais brasileiros de dermatologia. 2011 Dec;86(6):1061-74.

Dra. Juliana Toma

Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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