A rosácea é um distúrbio de pele crônico, que apesar de simples, pode causar significativos danos estéticos. Esta é uma doença bastante comum entre caucasianos e descendentes do norte da Europa, apesar de toda a população está sujeita.
Estima-se que cerca de 45 milhões de pessoas sofram com o problema ao redor do mundo.
Além disso, esta patologia é significativamente mais comum entre mulheres com mais de 30 anos de idade. Contudo, em pacientes do sexo masculino, geralmente se manifesta com sintomas mais graves.
Em geral, sua sintomatologia é marcada por alterações cutâneas na região da face, principalmente nas bochechas.
Adicionalmente, podem aparecer pequenos nódulos semelhantes a acne, o que muitas vezes causa confusão entre este distúrbio e espinhas e cravos.
Por se tratar de uma doença crônica, uma vez diagnosticada, há um grande risco de crises. Os sintomas não são contínuos, mas aparecem eventualmente influenciados por certos fatores, dentre eles, exposição solar, consumo de álcool, estresse e medicamentos.
Sua origem é ainda pouco compreendida, por isso, mesmo com as excelentes terapias de controle, é complicado eliminar completamente esta patologia.
Ao longo deste artigo falaremos em detalhes sobre esse tema, em especial sobre o que é a rosácea, quais são suas causas, tratamentos e algumas dicas para evitar crises e conviver bem com este problema após o seu diagnóstico.
O que é rosácea?
A rosácea é uma doença inflamatória crônica. Este distúrbio é muitas vezes confundido com a acne e até mesmo erroneamente denominado “acne rosácea”. No entanto, apesar de um quadro sintomatológico similar, enquanto a acne tem relação com obstruções em glândulas sebáceas e folículos pilosos, a rosácea surge a partir de alterações na vascularização.
Como vimos, não se conhece ainda todos os mecanismos que envolvem a origem desta patologia. Sabe-se, contudo, de sua maior prevalência entre pessoas claras, o que aponta para uma possível predisposição individual. Além disso, estima-se que cerca de 30% dos acometidos possuam histórico familiar para o distúrbio.
Alguns estudos apontam a relação entre a rosácea e alguns tipos de infecções, em especial a participação do ácaro Demodex follicurum e da bactéria Bacillus oleroniur.
Geralmente, a doença tende a piorar com o tempo, havendo risco de alterações cutâneas permanentes se não houver o tratamento adequado. Não há cura, porém existem diversas terapias de controle eficazes disponíveis.
Tipos
A rosácea pode se manifestar de formas bem diversificadas. Por causa disso, a doença foi dividida e classificada em subtipos. Apesar da definição, tais tipos podem surgir de forma simultânea, levando a um quadro ainda mais peculiar.
Eritemato telangectasia
O que diferencia cada subtipo são basicamente os sintomas. No caso da rosácea eritemato telangectasia, a pele fica com um tom avermelhado e aparecem diminutos vasos nessa região. A área próxima às asas nasais é a mais acometida.
Alguns pacientes descrevem sentir ainda uma leve queimação ou calor sobre a pele.
Rosácea pápula pustulosa
A rosácea pápula pustulosa também é marcada pela vermelhidão da pele. Contudo, além dos sintomas descritos anteriormente, aparecem lesões pápulo-pustulosas semelhantes a espinhas. Este tipo é consideravelmente mais comum em pessoas do sexo masculino.
Rosácea fimatosa
Mesmo sendo uma doença rara, este distúrbio merece destaque por ser considerado uma fase final da rosácea.
Os pacientes que sofrem com esta patologia apresentam a pele mais grossa e endurecida, com polos visivelmente dilatados.
Rosácea ocular
Como o próprio nome diz, neste tipo a rosácea afeta os olhos. O principal sinal desta doença é uma inflamação na região dos cílios, o que pode levar a descamação da pele desses arredores. Quando não tratada, a rosácea ocular pode evoluir para perda da visão.
Granulomatosa
A granulomatosa também é um tipo raro. Neste caso, surgem pequenos nódulos escuros sobre a face. Pacientes mais avançados podem manifestar lesões em outros locais.
Seu diagnóstico é complexo, bem como o seu tratamento, que requer muita cautela por parte do paciente e do médico responsável.
Sintomas
A rosácea é uma doença de pele que afeta principalmente a região central da face. Apesar de já termos citado algumas de suas características, outros sintomas devem ser descritos.
Geralmente, o primeiro sintoma da doença é a vermelhidão, que pode surgir acompanhada de uma maior sensibilidade na área afetada. A pele se torna facilmente irritável e aos poucos surgem pequenos vasos sanguíneos evidentes.
Dentre os sintomas da rosácea, podemos incluir ainda pápulas, pústulas, edema, olho seco e inflamações nas bordas das pálpebras. As alterações oculares estão presentes em cerca de 50% dos casos.
Quando o problema se agrava, há risco de rinofima, que seria o espessamento da pele, em especial no nariz. Esses pacientes costumam apresentar ainda dilatação folicular e deformações, tornando o prejuízo estético ainda mais significativo. As bochechas e os pavilhões auriculares também podem ser atingidos.
Conforme falado anteriormente, a doença apesar de crônica geralmente não possui manifestação contínua, se apresentando através de eventuais surtos. Essas crises podem possuir caráter e duração variável, além disso, podem ser espontâneas ou resultado da ação de alguns fatores.
Se não tratado, o problema pode sim se tornar crônico e recorrente. A evolução da doença varia de pessoa para pessoa.
Causas
Ainda não se sabe qual a causa exata da rosácea, ao que tudo indica se trata de uma doença multifatorial, ou seja, há uma série de gatilhos envolvidos, além de fatores genéticos e hormonais.
Em geral, tudo acontece devido à vasodilatação de pequenos vasos sanguíneos da face.
Diverso fatores podem desencadear crises, veja alguns exemplos:
Diagnóstico
Diante de algum dos sintomas apresentados aqui, em especial se de maneira persistente ou repetitiva, deve-se procurar por um dermatologista.
Não há cura para a rosácea, mas o seu diagnóstico é extremamente importante para contenção da evolução da doença, que poderia acabar se tornando um problema grave.
A consulta geralmente se inicia com uma anamnese completa. O médico especialista te fará algumas perguntas importantes na tentativa de conhecer melhor o seu histórico e sua queixa.
Nesta etapa, será avaliado o seu histórico clínico e familiar, seus hábitos e vícios, se há ou não alguma outra doença crônica presente, sua profissão, etc.
Além disso, serão feitos alguns questionamentos a respeito do problema apresentado. São realizadas perguntas como:
Após a anamnese, será feita uma avaliação do estado geral do paciente, seguida por um exame físico completo.
Na maioria dos casos o diagnóstico da rosácea é puramente clínico, apesar de bastante desafiador. Seus sintomas são um tanto quanto comuns e se assemelham a outras patologias da pele, o que pode ser motivo de confusão.
Por causa disso, certas situações podem acabar exigindo exames complementares. Para esses pacientes podem ser prescritos exames simples como um hemograma, ou mais invasivos como a biópsia e a raspagem cutânea da pele, por exemplo.
O objetivo seria descartar outras doenças possíveis em casos duvidosos ou mesmo, como é o caso do exame de sangue, verificar possíveis causas para o distúrbio.
Dentre as enfermidades já associadas a rosácea podemos citar a dermatite seborreica, a enxaqueca, que é mais prevalente nesses pacientes, e alguns distúrbios gastrointestinais, em especial infecções causadas pela bactéria helicobacter pylori.
Tratamento
O tratamento depende muito da gravidade da rosácea. Geralmente, é possível reverter completamente os sintomas, e pacientes que se cuidam direitinho conseguem evitar muitas crises.
Conheça a seguir as principais opções de tratamento para esta doença.
Medicamentos de uso tópico
Na maioria das vezes este é o primeiro tratamento escolhido. Os medicamentos de uso tópico ajudam a amenizar as alterações cutâneas devido a sua ação anti-inflamatória, microbiótica e antibiótica.
Além disso, controlam a evolução da doença, suavizando e tratando as lesões.
Podem ser utilizadas pomadas ou mesmo cremes. A indicação deve ser feita pelo próprio dermatologista após estudar o caso.
Medicamento oral
Alguns pacientes, em especial aqueles que não apresentam melhoras significativas com os medicamentos tópicos, devem optar por remédios orais.
A utilização desses fármacos deve ser feita estritamente sob prescrição médica, a automedicação é contraindicada e oferece riscos a saúde. O médico recomendará medicamentos que serão mais efetivos de acordo com o estado de seu paciente.
De uma maneira geral, esses remédios ajudam no controle da vermelhidão, da inflamação e tratam vasos sanguíneos aparentes. A combinação entre fármacos orais e tópicos é uma ótima forma de potencializar os resultados do tratamento.
Terapia com luz
A laserterapia é muito utilizada no cuidado da pele. Esta técnica é recomendada para pacientes cujos vasos sanguíneos estão muito aparente. Além disso, é uma excelente alternativa para casos mais avançados, onde já ocorreu o engrossamento do tecido cutâneo.
E não é só, por meio da terapia de luz é possível controlar a vermelhidão, tratar e até mesmo eliminar algumas manchas sejam elas causadas por acne ou mesmo pela própria rosácea. Geralmente, as sessões são feitas com um intervalo de 3 a 4 semanas e seus resultados podem durar até 4 anos.
Tais benefícios começam a aparecer desde a primeira sessão, tornando-se mais evidentes após a terceira consulta. O risco de efeitos colaterais é baixo e a terapia é minimamente invasiva.
Apesar da melhora significativa, a doença não tem cura. Portanto, é natural que os sintomas reapareçam com o tempo e que alguns novos vasos sanguíneos vão se formando.
A combinação entre esta e outras formas de tratamento é uma excelente estratégia para quem deseja adiar ao máximo uma nova crise.
Cirurgia
Nem sempre a cirurgia é necessária. Na verdade, este tipo de procedimento se restringe a casos mais específicos e graves. Quando necessária, a intervenção cirúrgica é realizada juntamente a uma dermoabrasão.
O objetivo deste tipo de tratamento é a recuperação das formas do rosto, que em casos mais avançados acabam deformadas, visando a recuperação do conforto e da autoestima desses pacientes.
A dermoabrasão é utilizada para remoção de manchas e irregularidades mais superficiais.
Colírios
Conforme vimos anteriormente, o ressecamento do olho e inflamações na região auricular são alguns dos sintomas da rosácea. Por causa disso, os colírios podem ajudar.
Além de reduzirem a irritabilidade dos olhos, ajudam a controlar a vermelhidão.
Compressas de água morna também promovem alívio. Manter as pálpebras sempre limpas é muito importante.
Como evitar crises
A doença não tem cura. No entanto, combinando o tratamento indicado por seu médico com alguns hábitos saudáveis para sua pele, é possível evitar problemas. Muitas pessoas conseguem conviver bem com a rosácea, sem deixar que o problema afete sua qualidade de vida.
O primeiro passo deve ser sempre procurar um dermatologista. Um diagnóstico correto é extremamente importante.
Se você sabe que possui rosácea, precisa aprender a se cuidar. Temos algumas ótimas dicas que te ajudarão a evitar novas crises.
- Evite alimentos gordurosos
- Não ingira pratos muito apimentados
- Evite bebidas quentes
- Hidrate a sua pele diariamente
- Use cosméticos adequados para o seu tipo de pele
- Faça a limpeza adequada do seu rosto todos os dias
- Evite esponjas e não utilize produtos sintéticos
- Prefira sabonetes alcalinos
- Evite usar esfoliantes químicos ou adstringentes
- Prefira produtos em forma de pó ou creme ao invés de géis e loções
- Controle o consumo de álcool
- Evite usar corticoides
- Opte por banhos de mornos a frios e não demore muito no chuveiro
- Reforce os cuidados com a pele durante os tempos mais frios
- Controle o estresse e a ansiedade
- Visite periodicamente um dermatologista
Mesmo que não tenha um diagnóstico de rosácea ou possua histórico familiar para a doença, vale ficar atento a essas dicas. São práticas simples que certamente te ajudarão a manter uma pele mais saudável e bonita.
Caso apresente algum dos sintomas descritos aqui ou mesmo por outro motivo esteja preocupado com a saúde da sua pele, procure um dermatologista.
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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM
Clínica no Jardim Paulista – Al. Jaú 695 – São Paulo – SP
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