Surgiram manchas com aspecto de crosta na sua pele? Quando qualquer sinal atípico aparecer é importante consultar um dermatologista, principalmente nestes casos, pois pode ser queratose actínica, uma doença que quando não tratada pode se tornar uma lesão maligna e um câncer no futuro.
Este é o quadro dermatológico mais comum no Brasil e uma das principais causas de consulta com o dermatologista. Embora benignas na maioria das manifestações, alguns estudos apontam que cerca de 10% das ocorrências podem evoluir para um carcinoma.
Continue lendo o post, entenda mais sobre a doença, seus sintomas, tratamentos, entre outras informações.
Boa leitura!
O que é queratose actínica?
Uma queratose actínica é uma mancha áspera e escamosa na pele cujo desenvolvimento se dá por anos de exposição ao sol, predisposição ou condição que pode contribuir para seu aparecimento. É mais frequente na região da face, lábios, orelhas, pescoço, membros, couro cabeludo e outras áreas expostas ao sol.
Também chamada ceratose solar, é uma mancha que cresce lentamente, e aparece geralmente em pessoas com mais de 40 anos devido aos efeitos cumulativos da radiação ultravioleta na pele.
A radiação ultravioleta é considerada um carcinógeno completo, visto que atua na “produção” de neoplasias epiteliais, como ocorre com a qa. As neoplasias originárias do tecido epitelial e conjuntivo são afetadas, resultando em uma multiplicação de células epiteliais malignas.
Em casos mais raros, pode acometer pessoas mais jovens, com algum tipo de propensão ao desenvolvimento da queratose, a exemplo daquelas com sistema imunológico enfraquecido por outra doença ou tratamento quimioterápico, transplantes, histórico de neoplasia cutânea prévia, AIDS ou exposição em excesso à radiação.
Em geral, acomete principalmente adultos de meia idade e idosos de pele clara. Apesar de ser uma lesão pré-cancerígena, somente 10% evoluem para o carcinoma espinocelular.
Entre 40% e 60% desse tipo de carcinoma se inicia por conta de ceratoses não tratadas. Múltiplas lesões também são um indicativo de uma possível evolução para câncer de pele.
Quais os sintomas da queratose actínica?
As queratoses actínicas variam em aparência e tamanho. Os sinais e sintomas comuns incluem:
- Mancha de pele áspera de tom avermelhado localizada na face, orelhas, lábios, antebraço, mãos, dorso e outras áreas comumente expostas ao sol.
- Essas manchas são ligeiramente mais protuberantes que a camada superior da pele. Podem coçar, “queimar” ou formar crostas.
- As manchas são pequenas, apresentam geralmente menos de 1 polegada (2,54 centímetros) de diâmetro. Podem existir mais de uma e seu tamanho aumenta ao longo do tempo. Na maioria das manifestações, são mais palpáveis, visíveis, podendo ser perceptíveis quando se passa a mão na área afetada.
- Algumas têm um aspecto semelhante aos das verrugas em relação à rigidez, e podem apresentar outras formas, dependendo da localização. Outras possuem uma textura que se parece com “lixa”, devido a sua grande aspereza. Também podem descamar ou formar uma crosta dura.
Deve-se ficar atento a sangramentos, pois isso pode ser um indício de que a lesão está se tornando maligna. É importante sempre examinar a pele e sua textura.
Qual o tratamento para queratose actínica?
Todos os casos de queratose actínica precisam ser tratados, seja com medicamentos tópicos na forma de pomadas e cremes, seja na forma de procedimentos e terapias, podendo ser combinados de acordo com a gravidade das lesões.
Vamos aos principais:
5-Fluoracil (5-FU)
Este tratamento tópico é o mais empregado em casos de queratose actínica e condições pré-malignas cutâneas, além de lesões subclínicas (ainda não identificadas). Possui ação cáustica, agindo na inibição da síntese de DNA.
A aplicação deve ser feita somente sob prescrição médica, os efeitos colaterais são mínimos, como a inflamação das lesões durante o uso. A cura ocorre entre 2 a 4 semanas e raramente deixa cicatrizes.
Imiquimod em creme ou pomada
Também é um tratamento tópico do tipo quimioterápico utilizado em tumores na pele como verrugas, carcinoma basocelular e queratose. Estimula o sistema imune na produção de interferon, um agente que destrói as lesões benignas, pré-cancerosas e malignas superficiais na pele.
É bem tolerado pela maioria dos pacientes, porém alguns deles podem apresentar vermelhidão, ulcerações e dores no decorrer do tratamento. A cicatrização é rápida e espontânea, mas se necessário o dermatologista pode indicar outros medicamentos em conjunto.
Ingenol-mebutato em gel
É um indutor de morte celular e recentemente foi liberado no Brasil. Age como um citotóxico sobre as células neoplásicas. São necessários apenas 2 ou 3 dias de tratamento para notar os resultados.
Apesar dessa vantagem, o paciente pode apresentar efeitos adversos locais como irritação, vermelhidão, descamação, crostas, dor, coceira intensa e, em raros casos, infecção.
Criocirurgia
Utiliza o nitrogênio líquido para destruir as células da queratose. Também é utilizada no tratamento de várias lesões cutâneas, benignas, pré-malignas e malignas. O tratamento geralmente utiliza um spray que congela os tecidos acometidos.
Entre os efeitos colaterais estão vermelhidão e inchaço, além do desenvolvimento de uma mancha branca permanente no local (apenas em casos raros).
Peeling químico
É utilizada uma substância chamada ácido tricloroacético (outras também podem ser aplicadas, mas esta é a mais comum). Este agente destrói os tecidos acometidos pela queratose actínica e a pele se regenera em poucos dias.
O procedimento é feito apenas no consultório dermatológico, pontualmente nas lesões. A técnica pode causar irritação temporária no local.
Terapias a laser e fotodinâmicas
São empregadas para a cauterização no tecido sem provocar sangramentos. São recomendadas para lesões pequenas ou em áreas restritas, podendo necessitar de anestesia local. Pode ocorrer a perda definitiva da pigmentação na região tratada.
Quando ir ao médico?
O ideal é sempre verificar a pele e relatar quaisquer alterações ao dermatologista. Examine sua pele, procurando o desenvolvimento de lesões ou alterações nas manchas que já possui como sardas ou “sinais de nascença”. Com o auxílio de um espelho, avalie a face, pescoço, orelhas e couro cabeludo, além de braços, pernas e costas.
Como prevenir a queratose actínica?
A melhor prevenção ainda é a exposição moderada aos raios ultravioletas durante toda a vida. Um estudo holandês revelou que o risco aumenta com a exposição crônica e queimaduras solares ocorridas antes dos 20 anos.
O ideal é limitar o tempo sob o sol, evitando especialmente o horário entre 10:00 e 16:00, além de evitar a exposição por tanto tempo a ponto de se queimar ou se bronzear.
Use o protetor solar antes de sair ao ar livre, mesmo no horário de segurança e em dias nublados. Se for para praia ou piscina, dê preferência por uma marca resistente à água com fator de proteção de pelo menos 30 FPS.
O protetor deve ser aplicado com antecedência mínima de 15 minutos antes de sair de casa e reaplicado a cada duas a quatro horas ou com menor frequência se estiver nadando ou transpirando.
Protetor solar não é recomendado para bebês com menos de 6 meses. Em vez de usar o produto, mantenha-o longe do sol nos horários de maior incidência de radiação solar, se possível, proteja-os com sombra, chapéu e roupas que escondam o seu corpo.
Para ter uma proteção extra dos raios ultravioletas, use roupas que cubram os braços e pernas, além de chapéu de aba larga. Evite também bronzeamentos artificiais em camas de bronzeamento ou utilizar produtos de origem duvidosa. Essas duas coisas podem causar danos à pele, principalmente se houver exposição prolongada.
Além disso, visite regularmente o dermatologista, principalmente se há pessoas com histórico de câncer de pele na família ou outras dermatites. Embora, em poucos casos, a queratose evolua para câncer, o diagnóstico precoce facilita o tratamento, reduz as chances de cicatrizes e de uma evolução para um quadro mais crítico.
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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM
Clínica no Jardim Paulista – Al. Jaú 695 – São Paulo – SP
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