O escurecimento da região periorbital, popularmente conhecido como olheira, vai muito além de uma noite mal dormida. Existem diversos fatores anatômicos e fisiológicos que contribuem para o surgimento dessa marca, variando desde a estrutura óssea até a circulação sanguínea local.
Diante disso, as olheiras são multifatoriais. Em muitos casos, elas são consequência da interação entre a espessura da pele e componentes vasculares ou pigmentares, o que resulta na hiperpigmentação visível das pálpebras.
De acordo com dermatologistas, embora a predisposição genética seja determinante, a condição frequentemente envolve alterações na vascularização local. Quando há congestão dos vasos sanguíneos nesta área, a coloração arroxeada torna-se mais evidente.
Além disso, existe uma tendência natural ao depósito de melanina na região infraorbital. Como a pele das pálpebras é a mais fina do corpo humano, qualquer escurecimento ou vaso dilatado torna-se rapidamente aparente.
Predisposição familiar para acúmulo de pigmento ou pele fina.
Dilatação dos vasos sanguíneos que transparecem na pele fina.
Sulco nasojugal profundo que cria sombras naturais.
Perda de colágeno deixa a pele mais fina e flácida.

Principais causas das olheiras
O quadro clínico costuma ser o resultado da combinação de diferentes fatores, sendo os mais comuns:
Fator Genético e Étnico
A hereditariedade é a causa mais frequente. Pessoas com descendência árabe, indiana ou latina tendem a apresentar maior pigmentação natural ao redor dos olhos. Pacientes de fototipos mais altos (pele morena e negra) também possuem maior concentração de melanina na região palpebral.
Vascularização e Congestão
Condições que dificultam a circulação ou dilatam os vasos sanguíneos agravam o aspecto arroxeado. Fatores como tabagismo, consumo excessivo de álcool, privação de sono, estresse físico, alergias respiratórias e o período menstrual contribuem para a estase venosa (acúmulo de sangue) local.
Devido à “transparência” da pele fina, esses vasos dilatados tornam-se visíveis, escurecendo a área.
Pele Fina e Envelhecimento
O processo de envelhecimento leva ao afinamento natural da derme e à perda de gordura subcutânea. Isso deixa os vasos sanguíneos e o músculo orbicular mais expostos, intensificando a coloração escura e o aspecto de cansaço profundo.
Flacidez e Bolsas
A perda de colágeno e sustentação provoca a herniação da gordura (bolsas) ou a formação de sulcos profundos (goteira lacrimal). Essas alterações no relevo da face criam um “efeito sombra”, onde a depressão anatômica simula ou piora a aparência da olheira.
Deposição de Pigmento
Refere-se ao excesso real de melanina na epiderme (hiperpigmentação pós-inflamatória ou constitucional). Pode ser agravada pela exposição solar sem proteção e pelo ato de esfregar os olhos frequentemente.
Causada pelo acúmulo de sangue ou má circulação. Geralmente apresenta coloração roxa ou azulada e piora com o cansaço.
Resulta do excesso de melanina na região dos olhos. Tende a ser marrom e é mais comum em peles morenas e negras.
Ligada à anatomia óssea do rosto (“olhos fundos”). Cria uma sombra natural abaixo dos olhos, independente da cor da pele.

Opções de tratamento
Para suavizar a pigmentação e o relevo das olheiras, o plano terapêutico deve ser individualizado. As abordagens mais eficazes incluem:
Hábitos e Estilo de Vida: Medidas fundamentais incluem higiene do sono (dormir bem), cessação do tabagismo e uso diário de protetor solar para evitar hiperpigmentação. Compressas frias podem auxiliar vasoconstrição temporária.
Dermocosméticos Clareadores: O uso tópico de ativos como Vitamina C, ácido kójico, cafeína (para microcirculação) e chá verde auxilia na luminosidade e na drenagem de líquidos retidos.
Luz Intensa Pulsada (LIP): Tecnologia que atua tanto nos vasos sanguíneos quanto na melanina superficial. É frequentemente associada a tratamentos tópicos para potencializar o clareamento.
Peeling de Ácido Tioglicólico: Específico para olheiras vasculares com componente férrico. Este ácido possui alta afinidade com a hemossiderina (resíduo de sangue), ajudando a neutralizar o tom acastanhado/arroxeado provocado pelo ferro.
Laser de Thulium Fracionado: Indicado para renovação da camada superficial da pele. Trata hiperpigmentação (excesso de melanina), melhora a textura e combate o fotoenvelhecimento ao estimular colágeno.
Laser Nd:YAG Q-Switched: Tecnologia de padrão ouro para pigmentos profundos. O laser fragmenta os grânulos de melanina em micropartículas, que são eliminadas pelo organismo, permitindo clareamento significativo de olheiras pigmentares resistentes.
Preenchimento com Ácido Hialurônico: Tratamento de escolha para olheiras estruturais (profundas). O procedimento preenche o sulco lacrimal, nivelando a superfície da pele e eliminando o efeito de sombra causado pela falta de volume.
Use loções sem álcool para não irritar a área dos olhos, que é extremamente sensível.
Aplique uma quantidade do tamanho de um grão de arroz do creme de tratamento, dando leves batidinhas.
Durante o dia, finalize com protetor solar (preferencialmente com cor para proteção contra luz visível).

Dra. Juliana Toma
Médica dermatologista, com Residência Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM).
Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologia, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA
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