Obesidade e impacto na pele

A obesidade se tornou uma preocupação global crescente, com taxas alarmantes em todo o mundo. No entanto, é importante entender que a obesidade não é apenas uma condição isolada, mas sim uma doença sistêmica que afeta vários órgãos e sistemas do corpo, incluindo a pele. As alterações cutâneas em indivíduos obesos têm sido frequentemente subestimadas, e há uma necessidade urgente de aumentar a conscientização entre os profissionais de saúde sobre essa importante conexão.

A pele, como o maior órgão do corpo humano, desempenha diversas funções defensivas e contribui para a homeostase geral. A fisiologia e a patologia da pele são influenciadas por uma interação complexa de hormônios, moléculas de sinalização imunológica e fatores de crescimento. Portanto, a saúde da pele reflete o estado interno do organismo.

Devido a este problema algumas doenças de pele possuem uma relação direta com a obesidade, portanto, ela pode interferir em alguns aspectos como na produção do sebo, produção do suor, nos vasos linfáticos, do colágeno e até mesmo na cicatrização da pele.

A obesidade possui uma ligação com a resistência à insulina e o diabetes tipo 2, diante disso, é comum que tenha uma prevalência nos obesos o aparecimento de alterações cutâneas com relação às diabetes.

Nestes casos também existe a possibilidade de desenvolvimento de câncer de mama, endométrio e de cólon, mas, além disso, conforme alguns indícios é possível que possa favorecer o risco de câncer de pele, como o melanoma, nos pacientes que são obesos.

Dessa forma um indivíduo com 20% a mais de seu peso ideal pode ser obeso, por isto é comum que a doença interfira na pele dos homens e mulheres.

Neste artigo, exploraremos em detalhes a conexão entre a obesidade e a saúde da pele, examinando as mudanças fisiológicas que ocorrem na pele de indivíduos obesos e como essas mudanças podem levar a problemas cutâneos específicos. Abordaremos também o impacto da obesidade em doenças crônicas de pele e as possíveis reações adversas a tratamentos antiobesidade.

Reflexos da obesidade na pele

Nestes casos existem algumas alterações de pele que podem ter relação com o aumento do peso. Normalmente as pessoas que estão acima do peso podem apresentar o aparecimento de lesões pedunculares, estas lesões são semelhantes às verrugas e aparecem nos locais com maior atrito da pele, como a virilha, axilas e pescoço. Existem também os acrocórdons, que são lesões de caráter benigno, ou seja, elas podem ser removidas com facilidade, porém se não ocorrer o cuidado pode gerar desconforto, portanto, elas podem ser removidas pelo dermatologista.

Além destes problemas, o excesso de peso pode também diminuir a SHBG, a globulina responsável pelo transporte de hormônios sexuais o que ocasiona o aumento da testosterona livre do organismo.

Com o aumento da testosterona ocorre o aparecimento da acne, além da oleosidade da pele e hirsutismo (aumento da quantidade de pêlos). Outro fator é o escurecimento da pele dos locais que apresentam dobras como axilas e virilhas.

Diante o acúmulo da gordura corporal é possível ocasionar o estiramento da pele ocasionando o surgimento de estrias (víbices), pois as fibras elásticas da estrutura da pele são quebradas. Geralmente atinge as mamas, antebraços, abdômen, flancos e coxas.

Para os pacientes que sofrem de obesidade também é possível aparecer micoses nas áreas de dobras de pele (virilha, infra mamária), devido ao aumento de umidade do local e a proliferação de fungos.

Diante disso, é preciso observar que algumas das alterações cutâneas na pele de obesos podem caracterizar alterações endócrinas subjacentes, por isto é necessário uma atenção especial.

Tipos de doenças causadas pela obesidade

A obesidade pode causar diversos problemas de saúde, além de afetar inúmeros órgãos. Entretanto, poucos sabem que a obesidade pode causar doenças da pele, pois ela tem resistência ao diabetes e algumas doenças possuem relação.

O aumento da resistência da insulina devido à obesidade pode ocasionar:

  • Acantosis nigricans;
  • Acrocórdons;
  • Ceratose pilar;
  • Hirsutismo;
  • Hiperandrogenismo;

Já as doenças que possuem relação com as mudanças nas mecânicas relacionadas à obesidade elas podem ser:

Além dessas doenças elas podem ser agravadas devido ao aumento das dobras, são elas:

  • Intertrigo;
  • Candidíase;
  • Hidradenite;
  • Foliculites;
  • Furunculos;

Mudanças na Fisiologia da Pele Devido à Obesidade

A obesidade pode levar a várias alterações na fisiologia da pele, incluindo:

Aumento da Gordura Subcutânea

O acúmulo excessivo de gordura sob a pele pode alterar sua estrutura e função, levando a problemas como má cicatrização de feridas e maior suscetibilidade a infecções.

Dobras Cutâneas e Rugosidade

O aumento da gordura corporal pode resultar em dobras cutâneas maiores e rugosidade da superfície da pele, dificultando a higiene e criando um ambiente propício para infecções.

Anormalidades do Colágeno

A obesidade pode afetar a produção e a estrutura do colágeno, uma proteína essencial para a elasticidade e a resistência da pele. Isso pode tornar a pele mais propensa a estrias e flacidez.

Expressão de Ceramidas

As ceramidas são componentes estruturais importantes dos lipídios da epiderme, que atuam como uma barreira protetora. A obesidade pode reduzir a expressão de ceramidas, comprometendo a função da barreira cutânea e tornando a pele mais suscetível a irritações e infecções.

Ressecamento da Pele

A obesidade pode levar ao aumento do ressecamento da pele, causando sintomas como coceira, descamação e rachaduras. Isso pode ser exacerbado por fatores como banhos quentes e uso de sabonetes agressivos.

Eritema Cutâneo

Há evidências conflitantes sobre o eritema (vermelhidão) da pele em indivíduos obesos. Alguns estudos sugerem que a obesidade pode aumentar o fluxo sanguíneo da pele, levando ao eritema, enquanto outros indicam que a microcirculação da pele pode ser prejudicada, resultando em eritema devido à má oxigenação.

Má Cicatrização de Ferida

A microcirculação e a drenagem linfática da pele podem ser comprometidas em pessoas obesas, o que pode contribuir para a má cicatrização de feridas e aumentar o risco de infecções.

Manifestações Cutâneas Específicas da Obesidade

A obesidade está associada a uma variedade de problemas de pele específicos, que podem ser classificados da seguinte forma:

Complicações Mecânicas:

  • Hiperqueratose Plantar: A hiperqueratose plantar, caracterizada por um espessamento da pele na planta dos pés, é uma resposta da pele ao atrito mecânico e à carga gravitacional aumentada nos calcanhares.
  • Estrias Distensae (Estrias): As estrias são marcas atróficas longitudinais que se formam quando a pele é excessivamente esticada e as fibras elásticas da derme se rompem. Elas são frequentemente encontradas em áreas como seios, abdômen, coxas e nádegas.

 

Alterações Cutâneas Devido à Hiperinsulinemia e Resistência à Insulina:

  • Acantose Nigricans: A acantose nigricans se manifesta como placas aveludadas, pigmentadas e verrucosas nas dobras da pele, como pescoço, axilas, virilha e região submamária. Essa condição está associada à resistência à insulina e pode ser um sinal de diabetes ou outras doenças endócrinas.
  • Fibroma Pendulum (Acrocórdons): Os fibromas pendulum, também conhecidos como acrocórdons ou “pintas de pele”, são pequenas protuberâncias pedunculadas que geralmente aparecem nas mesmas áreas da acantose nigricans. O número e a distribuição dos fibromas pendulum podem estar relacionados ao grau de hiperinsulinemia.
  • Ceratose Pilar: A ceratose pilar é uma condição comum caracterizada por pequenas pápulas foliculares queratósicas que geralmente aparecem na parte superior dos braços, nádegas, coxas e bochechas. A obesidade é um fator de risco para ceratose pilar.

 

Condições de Pele Resultantes de Hiperandrogenismo

O hiperandrogenismo, ou excesso de andrógenos, pode ocorrer em mulheres obesas devido à produção de andrógenos pelo tecido adiposo ou pelos ovários. Isso pode levar a problemas de pele como hirsutismo (excesso de pelos), acne, alopecia androgenética (calvície de padrão masculino) e seborreia.

Infecções de Pele

A obesidade aumenta o risco de infecções bacterianas e fúngicas da pele devido a fatores como dobras cutâneas, aumento da umidade e atrito. Infecções comuns incluem infecções estafilocócicas e estreptocócicas, intertrigo e onicomicose.

Alterações Cutâneas Devido à Insuficiência Venosa Crônica

O aumento da pressão intra-abdominal em pessoas obesas pode levar à insuficiência venosa crônica, que se manifesta como varizes, edema nos membros inferiores, úlceras nas pernas e linfedema.

 

 

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Influência da Obesidade em Doenças Crônicas de Pele

Além das manifestações cutâneas específicas discutidas anteriormente, a obesidade também pode influenciar o curso e a gravidade de várias doenças crônicas de pele, incluindo:

  • Psoríase: A psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele que causa placas escamosas e avermelhadas. Estudos têm demonstrado que a obesidade é um fator de risco independente para psoríase e que o aumento do índice de massa corporal (IMC) está associado à maior gravidade da doença e à menor resposta ao tratamento. Isso se deve, em parte, aos mecanismos inflamatórios compartilhados entre a psoríase e a obesidade, como a produção de citocinas pró-inflamatórias e adipocinas.
  • Hidradenite Supurativa: A hidradenite supurativa (HS) é uma doença inflamatória crônica que causa nódulos, cistos e abscessos dolorosos nas dobras da pele. A obesidade é um fator de risco significativo para HS, tanto em crianças quanto em adultos. A perda de peso está associada à melhora da doença, enquanto a cirurgia bariátrica pode piorar ou induzir HS de novo.
  • Dermatite Atópica: A dermatite atópica (DA) é uma doença inflamatória crônica da pele que causa coceira, vermelhidão e descamação. Estudos têm demonstrado uma correlação entre o IMC e a gravidade da DA. Além disso, filhos de mães obesas ou com sobrepeso antes da gravidez têm maior risco de desenvolver DA na primeira infância. A inflamação sistêmica subclínica associada à obesidade e as propriedades imunomoduladoras de adipocinas como leptina, resistina e grelina podem explicar essa associação.
  • Melanoma: A relação entre obesidade e melanoma é complexa e ainda não totalmente compreendida. Alguns estudos sugerem que o aumento do IMC pode ser um fator de risco para melanoma, enquanto outros não encontraram essa associação. A modulação da microbiota intestinal pela dieta pode ser um elo entre a obesidade e o melanoma, mas os mecanismos moleculares dessa interação ainda precisam ser elucidados.

 

Outras doenças de pele, como acne vulgar e líquen plano, também podem ser influenciadas pela obesidade. A acne, por exemplo, está associada à resistência à insulina e a alterações na sensibilidade dos receptores de hormônios sexuais na pele periférica. O líquen plano, por sua vez, tem sido associado à obesidade abdominal e outras características da síndrome metabólica.

 

É importante ressaltar que o manejo adequado dessas doenças crônicas de pele em indivíduos obesos requer uma abordagem abrangente que inclui perda de peso, tratamento dermatológico específico e controle de comorbidades associadas, como diabetes e hipertensão.

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Dra. Juliana Toma – Médica Dermatologista pela Universidade Federal de São Paulo – EPM

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UM POUCO SOBRE A DRA.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP 156490 / RQE 65521

Médica dermatologista, com Residência Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM).

Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologia, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA

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Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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