ARTIGO

Como fazer o desmame de Corticoide (como a Prednisona)?

Corticoides são medicamentos utilizados no tratamento de diversas doenças inflamatórias, devido a sua alta capacidade de ação como imunossupressores. Isso significa que eles conseguem diminuir ou inibir a ação do sistema imunológico, evitando que as células saudáveis do organismo sejam atacadas e destruídas pelo próprio corpo. Essa situação é característica principalmente de doenças autoimunes.

No entanto, os corticoides, como a prednisona, pode gerar uma certa dependência quando utilizado em tratamentos de longo prazo. Isso pode ocorrer porque o uso de corticoides pode inibir a produção de corticoide natural pelo próprio corpo, devido à inibição do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Por isso, o paciente não pode deixar de tomar corticoides sozinho.

Confira abaixo como fazer o desmame de corticoide de forma segura.

Para que corticoides são utilizados?

Os corticoides são utilizados principalmente para o tratamento de:

    • Doenças reumatológicas: artrite reumatoide, vasculites, lúpus eritematoso sistêmico, polimialgia reumática, e outras.
    • Patologias dermatológicas (dermatite atópica, eczema)
    • Tratamento de pacientes transplantados.
    • Pacientes com doenças pulmonares crônicas (asma, doença pulmonar obstrutiva crônica)
    • Patologias musculo-esqueléticas: osteoartrite, mialgia.

 

Quando fazer o desmame de corticoide?

A retirada do corticoide do tratamento do paciente pode (e deve) ser realizada nas seguintes situações:

    • O tratamento atingiu o efeito máximo desejado;

    • Não há o efeito esperado após um teste terapêutico;

    • Efeitos adversos graves foram desencadeados, como osteoporose e hipertensão;

    • O paciente teve psicose induzida pelo uso de corticoides, não responsiva a medicações anti-psicóticas;

    • O paciente teve úlcera córnea induzida por herpes vírus.

 

Identificando se você está diminuindo muito rápido

Se você estiver tomando prednisona por mais de três semanas, é importante diminuir de maneira lenta para evitar os sintomas de abstinência.

Um sinal claro de que você está diminuindo muito rapidamente é se sua doença ou sintomas da patologia voltarem.

Isso pode indicar que seu corpo ainda requer a medicação e a redução gradual deve ser interrompida ou retardada.

como fazer o desmame de corticoide
Como fazer o desmame de Corticoide (como a Prednisona)? 6

Regimes de desmame

Se o paciente usa corticoides por apenas 3 semanas, mesmo que a dose seja elevada, o tratamento pode ser interrompido subitamente sem a redução gradual de doses, pois não gerará efeitos colaterais no paciente.

Ainda sim, isso não é um hábito comum nas clínicas.

Quando o desmame for necessário, o médico deve levar algumas variáveis em consideração para propor o ajuste gradual das doses diárias. São elas:

    • Idade do paciente;

    • Fragilidade;

    • Outras doenças;

    • Risco de incidência da doença tratada com o corticoide;

    • Fatores psicológicos;

    • Período de tratamento com a medicação;

    • Estabilidade da doença pós-tratamento;

    • Uso de longo prazo sem “pulsoterapia”;

    • Paciente com supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal em uso de doses baixas.

 

Efeitos adversos da retirada súbita de corticóides

Ao diminuir a prednisona, podem ocorrer efeitos colaterais de abstinência se o processo for muito rápido.

Alguns sintomas comuns de abstinência de prednisona incluem:

  • Dores musculares
  • Dor nas articulações
  • Dor muscular
  • Sintomas como os da gripe: Febre, Fadiga, Fraqueza muscular

 

Se você começar a sentir algum desses sintomas que não estavam presentes antes, pode ser um sinal de síndrome de abstinência.

Nesses casos, procure seu médico e discuta seus sintomas para ajustar seu plano de redução de acordo.

o médico deve avaliar a dose
Como fazer o desmame de Corticoide (como a Prednisona)? 7

Siga as recomendações do seu médico

A chave para diminuir a prednisona com segurança é seguir as orientações do seu médico.

Seu médico irá realizar um planejamento de redução gradual personalizado com base em suas necessidades e condições específicas.

É importante nunca interromper o uso da prednisona abruptamente, pois isso pode levar a complicações graves.

Como fazer o desmame

Nos casos mencionados acima, a retirada do medicamento deve ser feita de maneira gradual, para prevenir o risco de recorrência da atividade da doença de base ou aparecimento dos sintomas da deficiência de cortisol por conta da supressão do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

Dessa forma, a dosagem do medicamento deve ser reduzida gradativamente de 10 a 20%, levando em consideração a resposta do paciente.

O regime pode ser feito com redução de:

    • 5 a 10 mg da dose a cada uma ou duas semanas, quando a dose de corticoide for maior que 40 mg/dia;

    • 5 mg da dose a cada uma ou duas semanas quando a dose de corticoide for entre 40 e 20 mg/dia;

    • 2,5 mg da dose a cada uma ou duas semanas quando a dose de corticoide for entre 20 e 10mg/dia;

    • 1 mg da dose a cada duas a quatro semanas quando a dose de corticoide for menor que 10 mg/dia.

Durante o desmame, é importante estar atento aos sintomas dos pacientes com doença reumatológica, pois eles podem ter recorrências dos sintomas da doença de base. Nesses casos, o médico deve repensar em retirar o corticoide ainda mais lentamente.

 

Outras formas de dependência de corticoide

Há alguns outros sinais que indicam a dependência dos corticoides. São eles:

  • Dependência psicológica do medicamento;
  • Recidiva da doença para qual o medicamento foi indicado;
  • Sintomas de insuficiência adrenal, a despeito de função normal do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal.

 

Por conta disso, pacientes que usam corticoides devem ser acompanhados de perto por um médico especialista e o tratamento a longo prazo deve ser realizado somente quando estritamente necessário. Além disso, nunca tome corticoides por conta própria.

Esse tipo de medicamento deve ser prescrito por um médico que fará avaliação do seu quadro clínico.

A dose e a duração do tratamento com prednisona desempenham papéis importantes na determinação da probabilidade de efeitos colaterais.

É importante lembrar que seu médico receitou prednisona para tratar uma condição grave, e os riscos e benefícios devem ser cuidadosamente avaliados e discutidos.

Nem todo paciente irá apresentar esses efeitos colaterais, mas conhecê-los e entender seus aspectos técnicos pode ajudá-lo a se preparar e tomar as medidas adequadas para minimizar o risco.

Sempre consulte seu médico ao iniciar a prednisona para desenvolver um plano proativo adaptado às suas necessidades específicas.

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UM POUCO SOBRE A DRA.

Dra. Juliana Toma

CRM-SP 156490 / RQE 65521

Médica dermatologista, com Residência Médica pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM).

Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologia, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA

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Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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