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Alergia à picada de inseto: causas e como tratar

Algum inseto picou você ou seus filhos e causou uma reação alérgica? Qualquer picada de inseto provoca uma pequena reação do corpo humano, levando a sintomas como inchaço, vermelhidão e coceira no local. Contudo, algumas pessoas costumam apresentar reações mais graves, que vão desde o inchaço de todo o membro afetado até de outros locais. 

Na maioria dos casos, os sintomas podem ser aliviados com água fria, gelo ou pomada anti-alérgica no local da picada, mas em algumas pessoas a reação alérgica é tão forte que é necessário um tratamento mais específico, principalmente se os sintomas colocarem a vida do paciente em risco. 

Continue lendo o post, entenda o que causa a alergia à picada de inseto, como tratar em casa e quando é necessário recorrer a um médico. Boa leitura!

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Alergia à picada de inseto

Ao picar a pessoa, o inseto (ou aracnídeo como o carrapato) injeta substâncias que agem como anestésicos no local, impedindo a coagulação do sangue, para assim, poderem sugar. São essas substâncias que causam a reação alérgica, chamada de prurigo estrófulo e urticária papular pelos médicos.

A condição acomete principalmente crianças a partir dos 7 meses e, na maioria dos casos, dura até os 10 anos, quando ocorre a dessensibilização natural. Uma só picada pode gerar múltiplas lesões em um processo que dura até semanas. 

Identificar o inseto é fundamental neste momento, eles são divididos em dois grupos:

  • Sugadores: mosquitos, carrapatos, percevejos e pulgas;
  • Picadores: formigas, vespas, abelhas e besouros. Neste grupo deve-se considerar o risco de anafilaxia, uma reação alérgica aguda e muitas vezes grave. Começa subitamente, entre menos de um minuto até poucas horas após a picada a qual a pessoa desenvolveu a hipersensibilidade causando asfixia, e se o socorro não for rápido, pode ser fatal. A presença de asma determina a maior gravidade das reações. 

Pacientes com imunodeficiências primárias ou adquiridas são mais propensos a desenvolver reações de hipersensibilidade exageradas a picadas de insetos. No caso de pacientes soropositivos (HIV/SIDA) as reações alérgicas são comuns (em até 46% dos infectados) e se denomina erupção papular pruriginosa.

Quais os sintomas da alergia à picada de inseto?

O prurigo estrófulo é caracterizado pelo aparecimento de pápulas (parecem com bolinhas) avermelhadas e inchadas. Elas surgem bem próximas uma das outras e em áreas expostas quando o inseto é um mosquito, e em áreas cobertas quando são pulgas ou percevejos, por exemplo. 

As pápulas coçam e causam muito desconforto no paciente alérgico, podendo persistir por semanas ou meses se não for tratada. Ao passar do tempo (geralmente de duas a três horas) elas ficam menos inchadas. Algumas podem apresentar um líquido dentro, são as vesículas que permanecem por semanas, podendo deixar manchas como sequelas. 

Existem diferentes tipos de reações hipersensíveis após a picada dos insetos, que se dividem em dois grupos: causas imunológicas (reações alérgicas) e causas não imunológicas (reações exageradas do sistema imunitário humano).

Nesse sentido, a alergia a insetos é uma reação imunológica à picada, uma resposta dos tecidos às substâncias enzimáticas e farmacológicas do veneno do inseto. 

Após a picada, imediatamente o sistema imunológico começa a atuar e libera células “sentinelas”, os mastócitos, que produzem histamina e outros agentes de defesa para combater os invasores. 

A histamina aumenta a circulação do sangue, o que causa a vermelhidão e o inchaço da pele, mas também aumenta o volume de células protetoras na região. Entretanto, há um efeito desagradável causado pela histamina, a coceira, que pode gerar infecções, pois a pessoa tende a coçar o local e as bactérias presentes na unha acabam o infectando.

Quando procurar o médico com urgência?

Alguns sinais de alerta exigem uma procura imediata de socorro, visto que algumas pessoas podem apresentar uma reação alérgica exagerada, chamada de choque anafilático. São eles: 

  • Queda súbita da pressão arterial;
  • Sensação de desmaio (ou desmaio);
  • Tonturas ou confusão mental;
  • Inchaços na região da face e boca;
  • Extrema dificuldade em respirar.

Como mencionado, a pessoa pode apresentar grande dificuldade de respirar. Essa dificuldade ocorre por conta do inchaço da garganta, impedindo a passagem do ar. É uma reação muito rápida e o paciente deve ser levado para uma unidade de saúde o mais rápido possível, devido ao risco de morte por asfixia.  

Se a picada foi de animal peçonhento como lacraia ou aranha, por exemplo, também é necessário solicitar ajuda médica com urgência, ligando para o número 192 ou seguindo rapidamente para uma unidade de saúde. 

Com menor gravidade, mas que também exige a ajuda profissional, está o inchaço na região onde aconteceu a reação alérgica. Se o inchaço não diminuir ao longo dos dias ou se aumentar, recomenda-se ir ao médico, informando qual o inseto o picou.

Isso é importante, visto que o tratamento difere de acordo com o agente causador. Por exemplo, se for picada de abelha, é necessário retirar o ferrão deixado na pele para que a ferida seja curada.

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Como é conduzido o diagnóstico?

O diagnóstico é clínico, por observação, análise do histórico do paciente e exame físico. Também podem ser solicitados testes alérgicos na pele e sangue, contudo, podem apresentar uma baixa positividade. 

Dependendo do caso, ao se avaliar o histórico do paciente e as características das lesões, é possível até mesmo descobrir qual foi o inseto.

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Qual o tratamento?

Tudo vai depender do grau de hipersensibilidade do paciente e do tipo de inseto causador da alergia. Nos casos mais simples, apenas água ou gelo pode resolver, além de pomadas com corticoides anti alérgicos, como Polaramine, Polaryn e até minâncora de 2 a 3 vezes por dia, durante 5 a 7 dias. 

Essas pomadas podem ser adquiridas na farmácia sem receita médica, contudo, é importante apresentar ao farmacêutico a região afetada para que ele indique as melhores opções. 

Também é recomendado não coçar a região afetada, visto que essa ação pode levar ao aumento da irritação da pele.

Casos mais graves são tratados com anti-histamínicos, que reduzem o prurigo estrófulo e seus sintomas (coceira, inchaço, vermelhidão e corrimento nasal – quando houver).

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Existe vacina para evitar reações alérgicas?

Sim, existem técnicas de imunoterapia específicas para determinados insetos como mosquitos. Entre elas, terapias individuais com vacinas que duram até 2 anos. 

O objetivo da imunoterapia é acelerar o processo de dessensibilização natural aos agentes causadores das reações alérgicas. Dessa forma, ao invés de aguardar por anos até a melhora do indivíduo, o resultado pode ser alcançado em poucos meses.

O tratamento consiste na introdução de quantidades controladas do agente causador (como a saliva do mosquito) em doses progressivamente maiores, assim o paciente pode se “acostumar” e parar de desenvolver a reação alérgica. 

Vale ressaltar que a imunoterapia não age como um repelente. O paciente vai continuar sendo picado como qualquer outra pessoa, contudo, ao invés de apresentar reações e lesões que perduram por semanas e quando somem deixam manchas na pele, vai ter apenas pequenas bolinhas que vão sumir rapidamente, como todos os outros não alérgicos.

Como prevenir?

A prevenção maior é evitar as picadas de inseto, da seguinte forma:

  • Usar repelentes. Os mais eficazes contém em sua composição a icaridina em gel, e podem ser aplicados em crianças acima dos 6 meses, cuja proteção pode chegar a 10 horas. O repelente também pode ser aplicado nas roupas e telas, nesse caso, também pode utilizar produtos à base de permetrina.  
  • Instalação de mosquiteiros e telas nas janelas.
  • Manutenção do ambiente que o paciente vive limpo e dedetizado. 
  • Evitar sujeira no terreno ou água parada para evitar a proliferação de mosquitos.
  • Tratar pulgas, carrapatos e outros parasitas presentes em animais domésticos
  • Solicitar ao bombeiro ou zoonoses de sua cidade, a retirada de colmeias e ninhos de vespas. 
  • Considere também o uso de repelentes elétricos. 

São ações simples, mas que impedem a infestação dos insetos causadores de reações alérgicas. Procure um médico mesmo nos casos que julgar simples para que ele possa desenvolver o diagnóstico e tratamentos adequados. Por fim, evite qualquer receita caseira, principalmente se não houver eficácia comprovada ou se causar efeitos colaterais.

Dra. Juliana Toma

Médica Dermatologista - CRM-SP 156490 / RQE 65521 | Médica formada pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Residência Médica em Dermatologia pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP-EPM), com Título de Especialista em Dermatologia. Especialização em Dermatologia Oncológica pelo Instituto Sírio Libanês. Fellow em Tricologias, Discromias e Acne pelo Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Pós-Graduação em Pesquisa Clínica pela Harvard Medical School – EUA. Ex-Conselheira do Conselho Regional de Medicina (CREMESP). Coordenadora da Câmara Técnica de Dermatologia do CREMESP (2018-2023).

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