Juntos, representam mais de 95% do total de casos de câncer de pele. O carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular são os cânceres de pele mais comuns no Brasil devido a alta exposição da população aos raios solares. De acordo com o Inca, todo ano são registrados aproximadamente 180 mil novos casos de câncer de pele.
Apesar de parecer um número pequeno em relação aos mais de 220 milhões de habitantes, esse é um quadro preocupante. Para entender melhor, preparamos este pequeno post que fala sobre esses dois tipos de câncer, causas e tratamentos. Acompanhe!
O carcinoma basocelular (CBC)
O carcinoma basocelular de pele é uma lesão maligna que se manifesta como uma ou mais manchas que crescem lentamente, mas que não afetam outros órgãos além da pele. Esse tipo de câncer afeta as células basais, localizadas na camada basal, a mais profunda das cinco que compõem a pele, por isso o nome.
Diferente de outros tipos de lesões malignas como carcinoma de células escamosas, o CBC quase nunca se dissemina além do seu local de origem. Ademais, raramente causa a morte do paciente já que há grandes chances de cura.
Isso porque é possível remover do corpo todas as células cancerosas com métodos cirúrgicos, no entanto, é preciso o diagnóstico nas primeiras fases de seu desenvolvimento.
O carcinoma basocelular apresenta uma maior incidência em pessoas de pele clara que se expõem excessivamente ao sol.
A idade é um dos principais fatores de predisposição, visto que há o acúmulo dos efeitos dos raios ultravioletas sob a pele, contudo, pode aparecer em qualquer fase da vida, por isso é importante saber identificar os primeiros sinais e ficar atento a qualquer alteração.
Existem diferentes tipos de carcinoma basocelular, veja abaixo:
- Carcinoma basocelular nodular: é o mais comum, atingindo em maior porcentagem a região da face. Geralmente aparece como uma ferida no centro de uma mancha vermelha;
- Carcinoma basocelular superficial: atinge em maior porcentagem regiões do corpo como tronco e costas. Muitas vezes é confundido com algum tipo de vermelhidão ou um eritema na pele;
- Carcinoma basocelular infiltrativo: é o tipo mais agressivo, podendo atingir outras partes do corpo;
- Carcinoma pigmentado: é mais raro, mas não menos prejudicial. Surge como manchas mais escuras e é costumeiramente confundido com melanoma.
Os tipos mais comuns de carcinoma basocelular se diferem conforme as características que apresentam, e portanto, podem ser difíceis de identificar/diagnosticar. Por isso, sempre que desconfiar de uma mancha de aparência duvidosa é indispensável consultar um dermatologista.
Quais os sintomas?
O BCB é um câncer que evolui nas partes do corpo mais expostas à luz do sol, como face, pescoço e braços, apresentando sinais como:
- Ferida pequena que aumenta gradativamente de tamanho, que não cicatriza ou sangra sem motivo;
- Elevação (mesmo que pequena) da pele que ganha uma coloração esbranquiçada, em que é possível visualizar os vasos sanguíneos;
- Mancha vermelha ou marrom que aumenta de tamanho ao longo do tempo.
Se notar algum desses sintomas, procure imediatamente ajuda profissional.
Como é diagnosticado?
Os sinais acima devem ser observados de perto por um médico dermatologista. O diagnóstico inicial é feito a partir da observação do local afetado e caso haja alguma suspeita de câncer, pode ser necessária a realização de uma biópsia para retirada dos tecidos da lesão e uma avaliação da presença de células malignas.
Quais as possíveis causas?
Não é possível apontar uma causa única para o desenvolvimento desse tipo de câncer. A principal causa é a exposição excessiva aos raios ultravioletas. Quando isso ocorre, as células da parte mais externa da pele passam por uma alteração genética e acabam se reproduzindo de forma desordenada, o que leva a lesões.
Outras causas, mais raras, também levam ao CBC, como contato com arsênico, a exposição à radiação, pré-existência de lesões abertas que não cicatrizam e doenças na pele não tratadas, além de complicações decorrentes de cicatrizes, queimaduras, tatuagens (quando há alguma rejeição) infecções e até mesmo vacinas.
Existe tratamento?
Sim, o tratamento varia conforme o aspecto clínico, tamanho, localização e tipo. Entre as técnicas e procedimentos mais comuns estão:
- Eletrocoagulação – uso do eletrocautério para cauterizar as lesões;
- Curetagem – técnica de raspagem, utilizada na lesão;
- Excisão cirúrgica – técnica de remoção da lesão por meio de corte da pele;
- Crioterapia – uso de nitrogênio ou outro agente para o congelamento e cauterização das lesões;
- Fototerapia – uso de laser para cauterizar as lesões;
- Quimioterapia tópica – uso de imiquimode ou 5-fluorouracil e radioterapia.
Todo e qualquer procedimento deve ser feito apenas em consultório médico. Quaisquer cânceres tratados de forma incompleta podem retornar. Nesses casos, será necessário um novo tratamento, geralmente a cirurgia micrográfica ou radioterápica para retirada dos tecidos afetados.
Carcinoma espinocelular (CEC)
O carcinoma espinocelular é um câncer de pele que acomete principalmente face, boca, língua e esôfago e também está entre os cânceres de pele mais comuns.
Manifesta-se como uma lesão de pele maligna na forma de feridas que não cicatrizam e que sangram com facilidade, além de manchas ásperas com bordas irregulares vermelhas ou marrons.
Apesar de ser menos frequente que o CBC, o carcinoma espinocelular é mais agressivo, o que exige uma maior atenção. Ele se desenvolve na camada mais superficial da pele.
Possui diferentes tipos, conforme suas características, como coloração, aspecto, profundidade, tamanho, local afetado e acometimento de outras regiões do corpo, podendo ser classificado da seguinte forma:
- Pouco diferenciado: é assim classificado quando as células acometidas são agressivas e crescem rapidamente;
- Moderadamente diferenciado: trata-se da fase intermediária, quando as células cancerosas ainda estão se multiplicando;
- Bem diferenciado: é a manifestação menos agressiva. Ocorre quando as células cancerosas são muito parecidas com as células saudáveis da pele.
Ainda existe o carcinoma espinocelular invasivo, o tipo mais agressivo, pois é mais profundo e atinge diferentes estruturas e camadas da epiderme. Assim que identificado, precisa ser tratado imediatamente para evitar seu crescimento e a metástase (migração para as vias sanguíneas).
Quais os sintomas?
O CEC se manifesta como asperezas na pele ou como pequenas feridas que não cicatrizam e sangram sem razão aparente. Atinge em maior proporção pessoas de pele clara e em áreas com maior exposição solar no cotidiano.
Quase sempre se manifesta em áreas da pele expostas ao sol como face, antebraços, lábios e ombros. Em calvos também pode surgir no couro cabeludo e orelhas, sendo a idade um fator desencadeante, devido ao acúmulo de radiação ultravioleta na pele. Na maioria dos casos não causa dor, mesmo nas fases avançadas.
Em suas fases iniciais, quando o CEC está em fase de surgimento (pré-câncer), é comum o aparecimento de lesões ásperas, as queratoses actínicas, que possuem um grande risco de evoluírem para carcinoma.
Além disso, pessoas que passaram por transplante, os transplantados imunossuprimidos, também podem desenvolver esse tipo de câncer de pele por conta da redução da imunidade provocada pelos tratamentos. Nesses casos, a imunidade baixa devido ao tratamento para evitar a rejeição do órgão transplantado favorece o surgimento de tumores de pele mais agressivos.
Quais as possíveis causas?
Ambos os cânceres de pele mais comuns, possuem como principal causa a exposição solar em excesso ou pelas câmaras de bronzeamento. As células acabam passando por uma modificação genética e se multiplicam. Com isso, há o crescimento desordenado que evolui para o câncer.
Como é conduzido o diagnóstico?
Inicialmente por observação do paciente que desconfia do aspecto de uma lesão de pele. Esse auto-exame auxilia no diagnóstico e tratamento precoce. Somente o médico pode identificar com exatidão o CEC e demais queratoses actínicas que podem evoluir para câncer de pele.
Quando suspeita de que uma lesão pode ser um tumor maligno, o dermatologista pode solicitar uma biópsia para avaliar o tecido atingido e diferenciar de outros tipos de lesões.
Também pode ser solicitado um exame anatomopatológico que vai confirmar se um carcinoma espinocelular ou não, além do tipo e a extensão.
Qual o tratamento?
Em geral, são conduzidos procedimentos cirúrgicos e técnicas mais avançadas para a retirada das lesões. São eles:
- Excisão – tipo de cirurgia para remover os carcinomas espinocelulares com uma margem de pele normal.
- Curetagem – raspagem da lesão;
- Eletrodissecação – remoção da lesão com eletrocautério para cauterizar as lesões;
- Excisão cirúrgica – remoção da lesão por meio de corte da pele;
- Cirurgia de Mohs – técnica para remoção em tumores com mais de 2c de diâmetro.
- Crioterapia – aplicação de nitrogênio ou outro agente para o congelamento e cauterização das lesões;]
- Radioterapia – técnica empregada em pacientes idosos, por meio de excisão simples e/ou dissecção de linfonodos.
Como prevenir os cânceres de pele mais comuns
Ambos, o carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular, podem ser prevenidos com atitudes simples, visto que estão relacionados com exposição a raios UV, o que exige uma limitação da exposição. Veja os cuidados:
- Evitar o sol, principalmente durante o horário em que os raios solares estão mais intensos, entre 10 h às 16 h;
- Usar roupas protetoras como camisas de manga longa, calças compridas e chapéus de aba larga.
- Usar protetor solar com fator mínimo de 30 FPS com proteção UVA/UBV de amplo espectro. Se for nadar, reaplicar a cada duas horas e não deve ser usado para exposição solar prolongada.
Como mencionado, quando notar qualquer mancha na pele, não espere que ela se desenvolva, procure um médico o mais rápido possível para evitar danos maiores.